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FEMINICÍDIO

Justiça contraria MP e manda a júri popular acusados de morte de adolescente

Ministério Público, autor de denúncia, pediu a absolvição dos acusados depois de ter acesso a imagens da segurança

Por Pedro Heiderich

07 de agosto de 2021, às 09h10

Jovem de 17 anos foi morta pelo cunhado, na frente do marido e da filha de dois anos – Foto: Reprodução

A Justiça contrariou o pedido do MP (Ministério Público) e vai mandar a júri popular os acusados de morte de adolescente de 17 anos, no Parque da Liberdade, em Americana, no final de março.

O MP, autor da denúncia, por feminicídio, pediu a absolvição dos acusados após ter acesso a imagens de segurança que apontariam que o assassinato teria acontecido por legítima defesa.

Os irmãos Jorge Luiz da Silva Toledo, 25, e Douglas Silva dos Santos, 25, estão presos preventivamente acusados pelo homicídio de Kauane Cordeiro de Campos, de 17 anos, que morreu esfaqueada após discussão com Jorge, seu cunhado.

Ela era casada com Douglas. O casal tem uma filha de dois anos, que presenciou o crime. Dentre outros motivos alegados, o juiz disse que testemunha ouviu o marido da vítima pedir ao irmão que matasse Kauane, se não ele mataria.

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As defesas de Jorge e Douglas e depois o MP pediram nesta semana a absolvição dos réus após acrescentar novas imagens de segurança como prova em julho.

Os advogados apontam que Jorge agiu em legítima defesa e que Douglas, acusado por envolvimento no crime, nem aparecia nas imagens.

Porém, o juiz Wendell Lopes Barbosa de Souza decidiu nesta sexta-feira (6) que os acusados devem permanecer presos, “para a preservação da ordem pública” e definiu que o caso vai a júri popular.

Ele alegou que foram analisados quinze segundos de oito minutos de imagens da câmera e que “não fica claro quem protege a própria vida”. Wendell reiterou que os acusados são dois homens grandes contra uma adolescente sozinha.

“Ambos teriam condições mais do que suficiente para contê-la”, completa.

Os relatos de que Douglas tinha comportamento violento e batia na esposa também nortearam a decisão.

O juiz frisou a importância do cumprimento da Lei Maria da Penha e o direito à proteção da filha do casal. A vítima já teria sido perseguida por Douglas com um tijolo e com um facão (peixeira) e sofreu agressões do marido.

“Jorge não negou que cometeu o crime. A participação de Douglas, com eventuais agressões e incentivo à conduta de Jorge, ou por omissão, será avaliada pelo júri”, explicou o juiz.

Douglas tinha acabado de sair de prisão. Testemunha escutou no momento da briga, o marido de Kauane dizer ao irmão. “Jorge, se você não matá-la, eu mato”, conforme consta nos autos do processo.

Em depoimento, Douglas disse que ficou com a filha no colo depois que Kauane foi esfaqueada. O juiz contrapõe com testemunha que nega e afirma que o acusado estimulou seu irmão Jorge a matar a vítima.



Por fim, Wendell ainda reforça que laudos comprovam que Kauane foi agredida antes de morrer, com hematomas no rosto e no corpo. Ela levou duas facadas, uma no peito e outra no ombro.

Duas facas foram apreendidas na cena do crime. O juiz ressalta que os acusados sequer prestaram socorro à vítima.

“É um alívio muito grande”, desabafa Vitória dos Santos, 20, prima de Kauane.

Família e amigos da adolescente assassinada farão protesto neste sábado, às 16h, na praça do Cidade Jardim, onde a vítima morava, pedindo justiça.

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